Entrevistas

Alimentação Infantil – Entrevista com a médica pediatra Dra. Teresinha Souto

Uma alimentação infantil adequada e equilibrada tem papel crucial no desenvolvimento saudável de uma criança. Ela traz reflexos permanentes e poderá impactar no adulto que essa criança irá se tornar, ou seja, menos ou mais propenso a sobrepeso ou obesidade, doenças, alergias e sensibilidades a determinados alimentos, etc.

Por isso, uma boa base alimentar precisa ser construída desde cedo, antes mesmo da criança nascer.

E qual a responsabilidade dos pais nisso? É total e determinante!

Seus comportamentos e hábitos alimentares influenciam diretamente a saúde e a qualidade de vida dos filhos. Afinal, os pais são os seus maiores exemplos e os responsáveis pelos alimentos oferecidos durante grande parte da infância.

Dada a importância da alimentação infantil na construção de uma vida saudável, convidei a médica pediatra Dra. Teresinha Souto para uma entrevista sobre o tema.

Confira agora informações relevantes e orientações que poderão ajudar você a compreender como a alimentação e as escolhas dos pais e responsáveis podem determinar o futuro de uma criança.

1) NA SUA EXPERIÊNCIA CLÍNICA, QUAL A PORCENTAGEM DE MÃES, PAIS OU RESPONSÁVEIS QUE SOLICITAM ORIENTAÇÕES SOBRE UMA ALIMENTAÇÃO MAIS ADEQUADA PARA OS FILHOS?

Eu diria que, na grande maioria dos casos, em cerca de 80% deles, existe esse tipo de pergunta sobre a alimentação infantil, considerando que eu atendo crianças e adolescentes de zero até 21 anos.

Quando a faixa etária é de menores de 2 anos, eu diria que beira os 100%. Os pediatras, muito mais do que os nutricionistas, são os primeiros profissionais a quem os pais recorrem para se informar sobre a alimentação dos seus filhos.

2) QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS DÚVIDAS DAS MÃES E PAIS QUANTO À ALIMENTAÇÃO INFANTIL? COMO ELES ENXERGAM O QUE É UM ALIMENTO QUE FAZ BEM À SAÚDE?

As principais dúvidas quanto à alimentação infantil começam quando os bebês irão iniciar as comidinhas, também conhecidas como papinhas, ou seja, na introdução da chamada alimentação complementar, que geralmente ocorre a partir dos 6 meses de idade.

A partir dessa idade, quando os bebês estão começando a se sentar, eles estão prontos para sair de uma alimentação exclusivamente láctea (seja fórmula, ou, idealmente, leite materno exclusivo), para uma alimentação complementada com alimentos sólidos e semissólidos.

As dúvidas e receios são muitos nessa fase: vão desde que tipos de alimentos introduzir, sua consistência, forma de preparo e de administração, quantidade, armazenamento, horários, etc.

Os alimentos vistos como os que fazem bem à saúde costumam ser aqueles preparados em casa e não industrializados. Porém, a questão cultural sobre quais podem ser consumidos varia amplamente de família para família.

3) QUAIS OS PRIMEIROS PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO INFANTIL SAUDÁVEL?

Os primeiros passos para uma alimentação infantil saudável estão bem representados pelas normas da Organização Mundial de Saúde/OPAS e Sociedade Brasileira de Pediatria para crianças menores de dois anos (1):

Passo 1 – Dar somente leite materno até os 6 meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento;

Passo 2 – Ao completar 6 meses, introduzir, de forma lenta e gradual, outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais;

Passo 3 – Ao completar 6 meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e legumes) três vezes ao dia, se a criança estiver em aleitamento materno;

Passo 4 – A alimentação complementar deve ser oferecida de acordo com os horários de refeição da família, em intervalos regulares e de forma a respeitar o apetite da criança;

Passo 5 – A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher; iniciar com a consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família;

Passo 6 – Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação colorida;

Passo 7 – Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições;

Passo 8 – Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas, nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação;

Passo 9 – Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu armazenamento e conservação adequados;

Passo 10 – Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação.

4) O QUE INFLUENCIA O COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE UMA CRIANÇA? COMO OS HÁBITOS ALIMENTARES DOS PAIS PODEM INTERFERIR NA SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DOS FILHOS?

O comportamento alimentar de uma criança é muito influenciado pelo ambiente em que ela é criada, a começar:

  • pelo local onde a criança é alimentada, como colo, carrinho, cadeirão;
  • se ela é alimentada separadamente ou junto com os familiares;
  • se é permitido que experimente se sujar comendo com as próprias mãos;
  • se tem um ambiente tranquilo e livre de tensões ou distrações;
  • se a ela são permitidas escolhas sobre o que comer, quando parar etc.

Como um ambiente ideal, considero importante a criança comer no cadeirão ou numa cadeira adaptada junto com outros membros da família, para que possa imitar e aprender com o exemplo dos outros.

Na escolinha, por exemplo, deve-se estimular que comam em mesas baixinhas junto com os coleguinhas.

Considero o BLW (baby led weaning ou o desmame guiado pelo bebê) uma das estratégias mais interessantes para promover a independência dos bebês na hora de se alimentar.

Mas o modo tradicional de alimentar a criança, oferecendo os alimentos com a colher, desde que respeitando a questão fome/saciedade dela, também pode ser utilizada ou mesmo uma cominação de ambos os métodos.

A criança, desde a mais tenra idade, sente naturalmente predileção pelo sabor doce, sendo, em geral, mais fácil a introdução das frutas do que da papa principal.

A orientação precoce de não oferecer alimentos adoçados e industrializados faz parte do repertório pediátrico já há muito tempo.

Recentemente, a contraindicação ao uso de sucos (mesmo os naturais, substituídos pelas frutas in natura) na introdução da alimentação complementar tem sido, ao lado do estímulo ao aleitamento materno exclusivo, um aliado importante na prevenção da obesidade infantil.

Hábitos alimentares maléficos para a saúde, como excesso de carboidratos na infância, podem ser percebidos tardiamente, quando a criança é diagnosticada com sobrepeso ou obesidade e, muitas vezes, são de difícil reversão.

5) OS NÚMEROS DA OBESIDADE INFANTIL SÃO ALARMANTES. QUAIS SÃO AS CAUSAS E COMO ELA PODE SER EVITADA E/ OU TRATADA? PODEMOS CONSIDERAR OS PAIS COMO OS PRINCIPAIS RESPONSÁVEIS?

A prevalência de sobrepeso e obesidade aumentou muito nas últimas três décadas, com uma estimativa atual de 170 milhões de crianças menores de 18 anos com excesso de peso, sendo considerado um dos mais graves problemas de saúde pública do século 21. (2)

A obesidade é uma doença crônica, multifatorial e está associada a fatores genéticos, ambientais, psicossociais e comportamentais. É o distúrbio nutricional mais comum na infância.

“Os fatores ambientais são responsáveis por 95% dos casos. Dentre eles, os hábitos alimentares errôneos são os mais impactantes.”

Para exemplificar, temos o acesso precoce a alimentos com açúcar e /ou amido, como leite com “engrossantes” e achocolatados, sucos adoçados ou “de caixinha”, doces, balas, biscoitos, chocolates, queijinhos petit suisse, iogurtes e outras sobremesas lácteas com corantes, conservantes e açúcares, gelatinas, sorvetes, bolos e refrigerantes, salgadinhos, etc. Todo um mundo de substâncias comestíveis de fácil apelo e de uso diário.

Vivemos em um mundo “obesogênico”.

Tenho pais no consultório que são amplamente criticados por seus amigos e familiares, quando falam NÃO ao oferecimento de “besteiras” aos seus filhos de idade tão precoce quanto 4 ou 6 meses. Amigos ou familiares falam: “coitadinhos, que judiação”, vocês não deixam eles comer essas “delícias”.

O ambiente nas escolas também não ajuda. As escolas públicas, por exemplo, mesmo com as melhoras implantadas nos últimos anos, mas talvez ainda baseadas num modelo de “cura” da desnutrição de anos anteriores, fornecem alimentos com excesso de carboidratos, como fórmulas lácteas, sucos e sobremesas industrializadas e/ou açucaradas.

Nas escolas privadas, assim como na saída das públicas, as cantinas oferecem um mundo de guloseimas, às quais fica difícil resistir.

Temos o mau hábito de presentear com um doce a aceitação de uma refeição dita saudável; o doce como recompensa; o doce como forma de amor, de carinho…

Não estou dizendo que os doces, as “besteiras”, não possam nunca fazer parte da alimentação das crianças. O que eu quero dizer é que devem ser exceções, como em festas, finais de semana e não todos os dias e não como recompensa.

“Os pais, muitas vezes sem perceber, são sim os principais responsáveis pela obesidade de seus filhos, pois as crianças dependem totalmente dos adultos e são por eles influenciados.”

A questão alimentar é bastante complexa, porque envolve questões afetivas que vão muito além do simples ato de nutrir as crianças.

6) É MITO OU VERDADE QUE UMA CRIANÇA OBESA OU COM SOBREPESO TEM MAIOR PROBABILIDADE DE SE TORNAR UM ADULTO OBESO?

Sim, é verdade.

Adolescentes obesos aos 10-13 anos têm 70% mais chances de serem obesos na vida adulta.

Quando o pai e a mãe são obesos, o risco da criança se tornar um adulto obeso é de 80%.

Se apenas um dos dois for obeso, o risco cai para 50%.

Se os dois forem magros, o risco de obesidade na vida adulta da criança é de 8%.

“A obesidade é, sem dúvida, um distúrbio “genético” fortemente influenciado por fatores ambientais.”

Estudo com gêmeos indicam que 50 a 80% da tendência ao ganho de peso é geneticamente determinada. Porém, as alterações ambientais adversas da nossa sociedade parecem ter mais impacto em indivíduos com predisposição à obesidade enquanto pouco alteram os predispostos à magreza. (3)

7) HÁ POUCOS ANOS, CASOS DE DIABETES INFANTIL ERAM RAROS. ENTRETANTO, HOJE EM DIA SÃO MAIS COMUNS. O QUE MUDOU?

Bem, os casos de diabetes tipo 2 são raros na infância. Na população geral, ocorrem em 0,2 a 0,3% (2 a 3 jovens menores de 20 anos para cada 10.000 pessoas). São raros em crianças menores de 10 anos.

O DMT2 (diabetes melitus tipo 2) é muito comum em índios norte-americanos adolescentes e está aumentando nos últimos 30 anos, com predomínio no sexo feminino.

Estudos com jovens de populações europeias mostram que a DM tipo 2 corresponde a 1 a 2 % dos casos de diabetes, enquanto nos EUA esse número chega a quase 15% dos jovens brancos não hispânicos acima de 10 anos de idade.

Um fator provável para essa diferença é a maior taxa de obesidade entre os jovens norte-americanos, embora ainda não haja uma explicação definitiva.

Vale lembrar que a idade média do diagnóstico de DM2 é a puberdade (13 a 15 anos) e que o diagnóstico em crianças menores de 10 anos é raríssimo.

“Mais de 90% dos adolescentes que têm DM tipo2 apresenta sobrepeso ou obesidade.” (3)

8) O LEITE MATERNO É CONSIDERADO O ALIMENTO MAIS IMPORTANTE E COMPLETO PARA O DESENVOLVIMENTO SAUDÁVEL DE UMA CRIANÇA. ATÉ QUAL IDADE É RECOMENDADO O ALEITAMENTO?

Sim, o leite materno é o melhor alimento para a criança e, quando possível, deve ser o único alimento nos primeiros seis meses de vida. Protege a curto e longo prazo.

“Além de nutrir e prevenir contra doenças infecciosas, o aleitamento previne a obesidade e o surgimento posterior de doenças, como diabetes tipo 1 e 2, doença de Crohn, linfoma e alergias. Também tem efeito benéfico no desenvolvimento cognitivo e motor das crianças.”

Estudos recentes mostram que certos fatores maternos, incluindo o peso, alergias e modo de nascimento, podem influenciar a composição da microbiota (bactérias) do leite humano e, consequentemente, afetar o estabelecimento do microbioma infantil, ou seja, da flora intestinal do bebê, e sua saúde futura. (4)

A Sociedade Brasileira de Pediatria e a OMS estimulam a amamentação (aliada à alimentação complementar) até os dois anos de vida. (5)

Costumo dizer que a decisão de até quando amamentar é do binômio mãe-bebê; ela deve ser avaliada e internalizada e não somos nós, os médicos (ou as avós, vizinhas, etc.), quem decidimos o melhor momento de parar para aquela família.

Cada caso deverá ser individualizado. É bastante comum, por exemplo, um bebê com mais de 6 meses que esteja trocando a alimentação complementar pelo leite materno e não está ganhando peso. Nessas ocasiões, uma ajuda profissional, como a de limitar a amamentação a 3 ou 4 momentos ao dia, poderá ser instituída.

9) QUAL A IMPORTÂNCIA DA DIETA DAS MÃES PARA A QUALIDADE NUTRICIONAL DO LEITE MATERNO E PARA A PREVENÇÃO DE CÓLICAS, DOENÇAS E ALERGIAS NAS CRIANÇAS? 

A alimentação materna tem reflexos importantes na vida futura das crianças.

A exposição intrauterina à obesidade e/ ou DM tipo 2 é fator de risco importante para essas doenças na criança.

Como disse na pergunta anterior, há vários estudos (ainda recentes) sobre alimentação materna e influências na flora intestinal das crianças.

Recomenda-se que a mãe tenha uma alimentação diversificada e rica em alimentos de verdade, como verduras, frutas, carnes, peixes e ovos.

É também indicado que, além da suplementação de ácido fólico para evitar espinha bífida no feto (problema congênito em que a medula espinhal de um bebê não se desenvolve adequadamente), ela também seja suplementada com ômega 3, particularmente importante para o desenvolvimento cerebral dos bebês. (6)

10) COMO VOCÊ FAZ PARA INCENTIVAR AS MÃES A AMAMENTAREM SEUS FILHOS?

O incentivo à amamentação começa muito antes da criança nascer.

Eu diria que se inicia com a política pública de que amamentar ao seio é fundamental, com o incentivo à licença-maternidade de 6 meses, com a consulta do pré-natal, cursos de gestantes, etc.

O estímulo à amamentação nas consultas de pré-natal, por exemplo, é muito importante. Nós, pediatras, acabamos tendo um papel muito pequeno, senão inexistente, nessa fase de vida do binômio mãe-bebê, cabendo essa função aos obstetras (poucos o fazem) ou aos cursos de gestantes.

Avós que amamentaram têm um papel de suma importância nesse momento. Na falta delas, grupos de apoio, especialistas em amamentação ou bancos de leite podem ser boas opções.

O bacana seria se a mãe já escolhesse seu pediatra antes da criança nascer, para ver se há empatia com esse profissional e tirar as dúvidas, criando um canal de comunicação para sentir-se mais apoiada e segura.

Frequentemente, a mãe ou o casal chegam ao consultório com o recém-nascido e com muitas dúvidas, que já poderiam ser sanadas antes do nascimento. Quando não o são, o pediatra deve ter essa disponibilidade para orientação sobre a amamentação.

Cada caso é um caso, mas, na primeira consulta pediátrica, que deve acontecer entre 5 a 7 dias de vida do bebê, o assunto mais importante é a amamentação.

Muitas vezes, o receio do bebê não estar ganhando peso é desfeito quando o pesamos e estratégias, como orientações sobre intervalo entre as mamadas, líquidos ingeridos pela mãe, às vezes até medicações para aumentar o leite, são muito importantes.

A complementação por fórmula láctea pode ser necessária, seja por copinho ou por translactação (técnica de colocar o bebê ao peito para mamar o leite retirado da própria mãe, através de uma sonda), para que o bebê não se desidrate ou fique desnutrido, sempre visando a volta para a amamentação exclusiva ao seio materno.

O atendimento individualizado é essencial nesse momento, pois muitas vezes será a diferença crucial entre amamentar ou desmamar esse bebê.

11) COMO SUBSTITUIÇÃO DO LEITE MATERNO, AS FÓRMULAS INFANTIS ENCONTRADAS NO MERCADO SÃO REALMENTE CONFIÁVEIS? COMO IDENTIFICAR UMA FÓRMULA SEGURA PARA O BEBÊ?

Na minha opinião, as fórmulas infantis ainda estão longe do que eu consideraria ideais para a substituição do padrão-ouro da alimentação infantil, que é o leite humano, mas podem ser consideradas seguras quando não há possibilidade do leite materno ser oferecido.

As fórmulas evoluíram muito nos últimos 50 anos e as padronizações da ANVISA são baseadas em órgãos internacionais. (7)

“O leite de vaca integral (LV) não é adequado para bebês abaixo de um ano de idade, porque as gorduras e os carboidratos são insuficientes, as taxas de proteínas são elevadas e o LV tem baixos teores de ferro, de vitaminas D, E e C e de zinco e elevadas taxas de sódio, potássio, cloretos e fósforo.” (8)

Após os doze meses de idade, os pais podem optar por continuar com as fórmulas infantis, mas eu costumo indicar leite de vaca integral: um copo ou mamadeira 3x ao dia. O leite também pode ser substituído por iogurte natural ou queijo.

12) QUAIS ALIMENTOS SÃO IMPRESCINDÍVEIS PARA O DESENVOLVIMENTO SAUDÁVEL DE UMA CRIANÇA? E QUAIS DEVEM SER EVITADOS NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA?

Nos primeiros 6 meses de vida, o leite materno e, na sua ausência, as fórmulas, em geral lácteas, são imprescindíveis para proporcionar os aminoácidos essenciais para o bom desenvolvimento infantil, além dos carboidratos, lipídios, vitaminas, sais minerais, ferro e zinco.

Dos 6 meses até os 12 meses, apesar da alimentação ainda ser predominantemente láctea, os alimentos de todos os grupos alimentares, como carnes, ovos, peixes, hortaliças (legumes e verduras), cereais e tubérculos, são muito importantes para que esse processo continue.

No primeiro ano de vida, recomenda-se não adicionar sal às preparações e não utilizar mel, pelo risco de botulismo.

Atualmente, a recomendação quanto às frutas é que sejam oferecidas in natura e não em forma de suco, para prevenção da obesidade.

Quanto às gorduras, eu recomendo o azeite de oliva e a manteiga, ao invés dos óleos vegetais, pela potencial ação inflamatória desses últimos.

Alimentos ou substâncias comestíveis que devem ser evitados nos primeiros anos de vida, principalmente nos primeiros 2 anos, compreendem:

  • açúcares (não importa se naturais ou não);
  • produtos industrializados de forma geral (refrigerantes, sucos artificiais, gelatinas, biscoitos, chocolates);
  • café e chás contendo xantinas;
  • embutidos;
  • enlatados;
  • água de coco (muito potássio);
  • pipoca (risco de aspiração); e
  • mel (risco de botulismo no primeiro ano de vida).

Não custa lembrar que substâncias obviamente nocivas, como álcool, não podem ser oferecidas às crianças, mesmo que sejam apenas para “provar” e “não passar vontade”.

“Existem amplas evidências de que fatores nutricionais e metabólicos, em fases iniciais do desenvolvimento humano, têm efeito na programação, a longo prazo, da saúde da vida adulta. Más práticas alimentares no primeiro ano de vida têm relação com obesidade na vida adulta.” (9)

13) EM QUE SE BASEIA A ALIMENTAÇÃO INFANTIL DEPOIS QUE A CRIANÇA DESMAMA? QUAIS GRUPOS ALIMENTARES DEVEM FAZER PARTE DA PAPINHA? 

Nas papinhas, um pouco de cada grupo alimentar deve ser oferecido.

Os alimentos devem ser cozidos juntos, amassados e o ideal seria oferecê-los de forma separada, para que a criança consiga provar os diferentes sabores; gradativamente, a consistência vai ficando cada vez mais espessa, à medida que a criança vai amadurecendo.

A papinha deve ser oferecida de colher, mas as famílias que quiserem praticar o BLW (baby led weaning ou o desmame guiado pelo bebê) podem fazê-lo com alguns alimentos, desde que seguindo os cuidados inerentes à essa técnica.

Em minha prática diária, acabo estimulando o uso da técnica mista (papinha amassada de colher e BLW).

14) O QUE É BLW (BABY LED WEANING OU DESMAME GUIADO PELO BEBÊ)? VOCÊ RECOMENDA A UTILIZAÇÃO DESSA PRÁTICA?

Tomei contato com o BLW há poucos anos atrás e logo achei a ideia muito interessante.

O BLW é uma nova abordagem para a introdução da alimentação complementar, na qual o próprio bebê conduz o seu desmame.

A alimentação infantil dita tradicional, em que o bebê apenas recebia uma papa e, muitas vezes, era “forçado” a comer essa papa, deu lugar a uma alimentação responsiva, em que o bebê pode receber esses alimentos amassados (e não liquidificados e nem passados na peneira) e onde o adulto é um mediador, um facilitador dessa alimentação.

Os pais oferecem aos bebês alimentos sólidos cozidos e cortados de maneira que ofereçam poucos riscos de engasgo, fazendo com que o bebê tenha experiências sensoriais únicas e desenvolva habilidades motoras, de autorregulação e refinação do paladar.

O adulto tem uma função de supervisor e um preparo para manobras de desengasgo, que, embora raras, podem acontecer.

Muitos pais optam por fazer uma introdução alimentar do tipo mista, alternando a papa tradicional e o BLW.

“Mas acho importante frisar que a alimentação deve ser participativa, devendo-se deixar a criança provar novos alimentos e preparações e nunca ser forçada a comer, pois essa prática pode ser associada a transtornos alimentares no futuro.”

15) SAL E OUTROS TEMPEROS PODEM SER ADICIONADOS NA PREPARAÇÃO DOS ALIMENTOS?

Nos primeiros 12 meses de vida, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que não se adicione sal aos alimentos e isso inclui temperos prontos, como Sazon, Caldo Knorr, etc.

Temperos naturais, como salsinha, cebolinha, alho, cebola e ervas aromáticas, são bem-vindos.

16) CRIANÇAS PODEM CONSUMIR AÇÚCAR?

Crianças não deveriam comer açúcar pelo menos até os 2 anos de idade.

A criança tem naturalmente uma preferência pelo sabor doce e não precisa, de modo algum, ser (mal) acostumada, numa idade tão precoce, com essa substância tão presente em nosso estilo de vida ocidental.

17) QUAIS ALIMENTOS SÃO CONSIDERADOS ALERGÊNICOS? EXISTE UM MOMENTO IDEAL PARA INTRODUZI-LOS NA DIETA DAS CRIANÇAS?

Até 8% das crianças menores de 3 anos podem apresentar alergia alimentar. Os principais alimentos provocadores de alergia são: leite de vaca, trigo, clara de ovo, amendoim, peixe, castanha e soja.

“Estudos recentes sugerem que alimentos potencialmente alergênicos devam ser apresentados para as crianças por volta dos 7 meses de idade, época em que a presença de uma janela imunológica vai diminuir a possibilidade de alergias no futuro.” (10)

A partir dos 6 meses de idade, ovos e peixes devem fazer parte da alimentação infantil. O ovo pode ser oferecido inteiro (clara e gema).

18) DIANTE DE TANTAS DISCUSSÕES A RESPEITO DO CONSUMO DO LEITE DE VACA, QUAL O SEU POSICIONAMENTO? ELE PODE SER SUBSTITUÍDO PELO LEITE DE SOJA?

Já dei minha opinião sobre o leite de vaca (pergunta 11). Na impossibilidade do aleitamento materno, ele deve ser oferecido como fórmula láctea até os 12 meses de idade.

Após os 12 meses, o leite de vaca integral segue sendo uma excelente fonte de cálcio, mas não é a base da alimentação da criança e pode ser substituído por derivados, como iogurte ou queijo.

As fórmulas à base de soja podem ser usadas a partir dos 6 meses de vida, como substitutos às fórmulas lácteas, nos casos de alergia ao leite de vaca, mas podem dar alergia também, em alguns casos.

Já as fórmulas à base de proteína extensamente hidrolisada de soro do leite ou à base de aminoácidos são preferíveis ao uso da soja, devendo ser usadas nos locais do Brasil onde há facilidade de se conseguir do governo.

A segurança das fórmulas à base de soja tem sido debatida por causa dos componentes chamados de isoflavonas, presentes naturalmente em feijões e outras leguminosas, incluindo soja, amendoim e grão de bico.

As isoflavonas dos produtos à base de soja são chamadas de fitoestrógenos, pela sua ação no corpo humano semelhante ao hormônio estrogênio.

“Não há relatos de problemas de saúde em bebês recebendo leite de soja (segundo o National Institute of Environmental Health Sciences). Entretanto, sabe-se que eles passam por estágios de desenvolvimento em que são mais vulneráveis aos efeitos do estrogênio, como o da soja. Em alguns casos, esses efeitos só serão evidentes anos depois.” (11)

De acordo com a Associação Americana de Pediatria (revisão de 2008), as únicas reais indicações do uso de leite de soja são para crianças com galactosemia congênita, famílias veganas ou bebês com intolerância real à lactose. (12)

19) UMA CRIANÇA PODE ADOTAR UMA DIETA VEGETARIANA OU O CONSUMO DE CARNE É IMPRESCINDÍVEL PARA O SEU DESENVOLVIMENTO?

Bem, sendo a família vegetariana, a criança vai adotar esse estilo de vida, mas a dieta tem que ser bem balanceada para promover o crescimento e desenvolvimento adequados a crianças e adolescentes.

“Entretanto, por serem mais vulneráveis a desenvolver deficiência de nutrientes, eles devem ser adequadamente monitorados e muitas vezes suplementados, pois o risco é proporcional à menor variedade de grupos alimentares consumidos.”

O não consumo de alimentos de origem animal e, em alguns casos, o de laticínios, também pode levar à menor ingestão de ferro, vitamina B12, cálcio e zinco.

Na maioria dos casos, só a orientação nutricional não é suficiente, devendo-se suplementar os nutrientes em risco de deficiência, como cálcio, ferro, zinco, vitaminas D, B1, B2, B6 e B12. (13)

20) QUANTO À DIETA LOW CARB (LCHF), ELA PODE SER ADOTADA PELAS MÃES DURANTE O PERÍODO DE AMAMENTAÇÃO? AS CRIANÇAS TAMBÉM PODEM ADOTAR ESSE ESTILO ALIMENTAR?

Uma dieta baseada em comida de verdade, baixa em carboidratos, rica em vegetais, carnes, ovos e sem medo de se ingerir as gorduras naturais dos alimentos, pode ser adotada pelas mães durante a amamentação e também por crianças.

No caso das crianças, elas não precisam fazer restrição de carboidratos, exceto se com sobrepeso e /ou obesidade. Na maioria dos casos, basta orientar para evitar alimentos industrializados e incentivar uma alimentação infantil variada e colorida.

21) MUITAS VEZES, MÃES E PAIS POSSUEM DIFICULDADE EM ALIMENTAR BEM SEUS FILHOS, EM FUNÇÃO DA RECUSA DE DETERMINADOS ALIMENTOS, SOBRETUDO FRUTAS, LEGUMES E VEGETAIS. QUAL A SUA ORIENTAÇÃO NESSES CASOS?

Muitas crianças apresentam o que chamamos de neofobia alimentar ou “o medo do novo”, causando muita angústia aos cuidadores no momento da alimentação.

Nesses momentos, muitas mães ou cuidadores acabam oferecendo outros alimentos, como leite e guloseimas, com medo de que as crianças “passem fome”. Outras forçam as crianças a comer ou fazem chantagens, gerando um sem número de problemas na hora das refeições e mesmo a chance de distúrbios alimentares no futuro.

“Dicas como saber que um mesmo alimento deve ser oferecido 10 ou 15 vezes até ser aceito, a não substituição por outros alimentos, o ambiente tranquilo e livre de outros estímulos, como TV ou celular, comer à mesa com as outras pessoas da família, são algumas das orientações que faço aos pais para o momento das refeições.”

22) É NECESSÁRIO ESTABELECER HORÁRIOS PARA A CRIANÇA SE ALIMENTAR OU ELA DEVE COMER QUANDO TEM FOME? QUAL A IMPORTÂNCIA DE UMA ROTINA ALIMENTAR?

Penso que criança gosta muito de rotina e que os horários das refeições (assim como do banho e do sono) são muito importantes, tanto para a sua nutrição adequada, quanto sua segurança emocional.

Nos primeiros 6 meses de vida, os bebês são alimentados sob livre demanda e, embora com variações, acabam mamando a cada 3 horas.

A partir dos 6 meses, iniciamos frutas e uma papa principal, que pode ser no horário do almoço ou do jantar, e continuamos com amamentação frequente e, aos 7 meses, iniciamos a segunda papa principal.

A partir do nono mês de vida, a textura dos alimentos já deve ser diferenciada, com pedaços maiores, e a amamentação já não é tão frequente.

Cada caso é um caso; algumas crianças vão se alimentar a cada 3 horas, outras vão necessitar de um espaço maior entre as refeições e outras teremos que limitar as mamadas em 3 ou 4 x ao dia, senão não aceitam as papinhas.

“Sem dúvida, aprender a reconhecer os sinais de fome e saciedade do bebê é fundamental.”

De modo geral, pequenos ajustes dos alimentos que são oferecidos e seus horários promovem grandes benefícios. Às vezes, o intervalo entre um alimento e a refeição principal é mais importante do que tentar manter um horário pré-estabelecido.

23) EXISTEM FASES NA VIDA DA CRIANÇA MARCADAS POR FALTA DE APETITE?

No primeiro ano de vida, as crianças crescem cerca de 25 cm e triplicam o seu peso. Costuma ser uma fase de grande apetite, pois elas têm que crescer muito.

A partir do segundo ano de vida, esse ritmo cai para cerca de 12 cm em um ano. Depois, uma média de 10 cm /ano até os 4 anos de vida, sendo de cinco a sete cm/ano até os 8 anos de idade. Nesse período, o apetite diminui e muitas tornam-se seletivas, escolhendo o que vão comer e recusando, muitas vezes, até provar novos alimentos.

Durante o estirão da puberdade, a velocidade de crescimento volta a aumentar para, em média, 10 cm ao ano e o apetite também aumenta.

Em geral, não são necessários suplementos nutricionais, a menos que a criança esteja com carência de ferro, que é a deficiência nutricional mais comum na infância.

24) DURANTE A FASE ESCOLAR, QUANDO A CRIANÇA SE RELACIONA COM OUTRAS E COMEÇA A TROCAR OS LANCHES E TER ACESSO À CANTINA DA ESCOLA, COMO CONTROLAR O QUE ELA CONSOME?

Durante a fase escolar, temos pouco ou nenhum controle sobre as trocas de lanches e o que é servido na cantina escolar.

Quando o problema é de obesidade infantil, por exemplo, os melhores resultados são a partir dos 10 anos, quando a criança começa a amadurecer e consegue fazer suas próprias escolhas.

O papel dos pais, direção da escola e professores, na tentativa de adoção de uma cantina e lanches mais saudáveis, é fundamental para que todo um trabalho de orientação em casa e no consultório do pediatra não seja perdido.

BREVE CURRÍCULO:

Pediatra há quase 30 anos, com consultório particular em São Paulo.
Graduada em medicina pela Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre/RS, em 1985.
Residência Médica em Pediatria pelo Hospital Presidente Vargas (INAMPS), de Porto Alegre/RS, em 1988.
Título de Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria em São Paulo, em 1992.
Mestra em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (Departamento de Nutrologia), em 2006.
Plantonista no Amil Resgate – Pronto atendimento em Alphaville, Barueri/SP e no PS do Hospital Edmundo Vasconcelos/SP.
Médica pediatra da Prefeitura Municipal de São Paulo na UBS Vila Romana, Lapa/SP, há mais de 20 anos.
Seguidora e entusiasta do estilo de vida LCHF.

CONTATOS:

E-mail: terestumpfsouto@gmail.com
Instagram: @drateresinhasouto
Consultório particular: Rua Teodoro Sampaio, 1020, conjunto 305, Pinheiros, CEP 05406-050 São Paulo/SP.
Telefones: (11) 3081-3133 / (11) 99179-1314

Dra. Teresinha Souto com os seus filhos

REFERÊNCIAS:

(1) Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para crianças menores de dois anos: um guia para o profissional da saúde na atenção básica. / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2 ed. – 2 reimpr. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 72 p.: il. ISBN 978-85-334-1695-6 1. Alimentação infantil. 2. Conduta na alimentação. 3. Método de alimentação. I. Título. CDU 613.2.

(2) Geneva: WHO, 2012.13p.

(3) Prática pediátrica: Endocrinologia/editores Michael S Kappy, David B. Allen, Mitchell E. Geffner; [revisão técnica Marcio Moacyr de Vasconcelos; tradução Marcio Moacyr de Vasconcelos e Claudia Lúcia Caetano de Araújo]._ Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

(4) The human milk microbiome changes over lactation and is shaped by maternal weight and mode of delivery.
Cabrera-Rubio R, Collado MC, Laitinen K, Salminen S, Isolauri E, Mira A
Am J Clin Nutr. 2012 Sep; 96(3):544-51.

(5) www.who.int/entity/maternal_child_adolescent/topics/newborn/nutrition/comp_feeding/en/

(6) https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2621042/
Omega-3 Fatty Acid Supplementation During Pregnancy
James A Greenberg, Stacey J Bell, Wendy Van Ausdal
Rev. Obstet Gynecol. 2008 Fall; 1(4): 162-169.

(7) www.who.int/foodsafety/publications/micro/pif_guidelines.pdf

(8) Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para crianças menores de dois anos: um guia para o profissional da saúde na atenção básica. / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2 ed. – 2 reimpr. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 72 p.: il. ISBN 978-85-334-1695-6 1. Alimentação infantil. 2. Conduta na alimentação. 3. Método de alimentação. I. Título. CDU 613.2.

(9) Sociedade Brasileira de Pediatria. Manual de orientação para a alimentação do lactente, do pré-escolar, do escolar, do adolescente e na escola / Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia. 3.ed. Rio de Janeiro. SBP, 2012. 148p.

(10) http://www.leapstudy.co.uk/about-leap#.WfuKa2hSyUk

(11) https://www.niehs.nih.gov/health/topics/agents/sya-soy-formula/index.cfm

(12) http://pediatrics.aappublications.org/content/pediatrics/121/5/1062.full.pdf

(13) http://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/Nutrologia_-_Vegetarianismo_Inf_e_Adolesc.pdf

* Os conteúdos veiculados na entrevista não expressam necessariamente a opinião da Vivo Leve e são de total responsabilidade dos entrevistados.

** O conteúdo deste site é fornecido apenas para fins de educação e informação e não substitui a consulta a um médico, nutricionista ou outro profissional da área para aconselhamento, diagnóstico e tratamento. As informações aqui apresentadas não devem ser utilizadas em substituição ao aconselhamento profissional e nem como base para autodiagnóstico.

Published by
Janaína Marra

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